terça-feira, 21 de abril de 2009

Hospitalidade: ser ou não ser?

Por Eduardo Rocha Pansica


Vou trabalhar o termo hospitalidade nesse texto com uma relação entre dois ou mais: duas ou mais pessoas, pessoas e cidades e pessoas e idéias. Nesse dois ou mais pode ocorrer uma relação de individualismo e fechamento, ou de disponibilidade e abertura – isso por parte de um ou de todos dentro da relação. A primeira opção está sendo cada vez mais praticada nos lugares onde se encontram as ditas “sociedades mais evoluídas”. Existe nessas sociedades um sentimento forte de consumismo, de auto-valorização, de crescimento por conta própria, de uma ideologia que eleva a graciosa frase de Ariano Suassuna: “Existem dois tipos de pessoas: as que concordam comigo e as equivocadas!”. As pessoas, dessa forma, desenvolvem uma diretriz na vida e a seguem de forma rígida, sem prestar a atenção na hospitalidade oferecida pelo mundo ao seu redor. E o pior, elas desenvolvem um sentimento geral de defesa e intolerância para com o outro “equivocado”, que muitas vezes está apenas tentando praticar a segunda opção: a de abertura e disponibilidade.

Quem nessa chamada “sociedade evoluída” tem tempo para ser aberto e disponível para os outros? Digo aberto como aquela disposição de parar os próprios pensamentos e tentar ser receptivo aos outros. Ser aberto é prestar atenção ao que os outros estão oferecendo, aos costumes apresentados por uma cidade, às possibilidades de um outro caminho, e ao mesmo tempo ficar disponível para retribuir e oferecer tudo aquilo que, de mim, considero interessante. Ser hospitaleiro, enfim, é praticar a “escutatória” do ilustre Rubem Alves e tentar ser o máximo possível altruísta. Seguindo o raciocínio, só se tem a ganhar sendo hospitaleiro. Quando se pára e recepciona o outro, a gente faz uma pausa na nossa vida que, assim, ganha uma revisão (além do que, quando recebemos o outro ganhamos com os presentes oferecidos por ele). Ao pausar, a gente respira e se renova, revendo a vida com outros olhos – olhos já não-viciados. Pausar e praticar a hospitalidade pode ser sempre uma boa saída para quando alguém se encontra estagnado ou super estressado. Nada melhor do que parar, respirar e trocar com as pessoas outras possibilidades de vida.

Um comentário:

  1. Viva Dudu! Se, ao menos, houvesse mais "Dudus" espalhados pelo mundo....ah, que bom seria...
    Abração.
    Carrilho

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